Neste espaço se divulga a actividade do grupo restrito CantOrfeu.

domingo, 7 de agosto de 2011

06.02 * Prosadores * Lizete Abrahão * Meu querido menino!

 
 
Ah, meu menino, se tu não tivesses partido, voado com teus sonhos às nuvens, tuas mãos ainda estariam entre as minhas, como quando tinhas medo do escuro...
Ai, se ainda pousassem nos meus olhos tuas pupilas límpidas, ansiosas de verem o mundo, tua pressa de viver seria a pressa de correr para os meus braços...
Ah, menino! Se teu carinho não fosse apenas lembrança da tua ausência a ferir-me o sono, a noite nunca mais se faria neste eterno vazio...
Ah, meu menino! Como eu gostaria de saber do teu sorriso, dos teus passos pela casa, das tuas manhãs preguiçosas e mornas...Como eu queria que o som da tua voz me acordasse de noite, não importando em qual hora do meu dormir e que fosse embora esse tempo oco do teu calor...
Ah, menino distante! Não posso mais cantar para rires, nem te embalar...Não posso mais nem mesmo sentir-te febril, proteger-te...Foste para um mundo azul com tanta pressa...um mundo fora de mim, fora do sol, da lua, desta vida...
Ah, menino querido, apressado!...Se soubesses o que é a saudade, não terias ido buscar essa a paz, assim, tão cedo, deixando minha casa desabitada de ti e minha alma deserta, sedenta da tua presença...
Ah, meu menino! Se pudesses ver-me agora, renascerias nem que fosse por um segundo para mitigar essa dor de fome e sede de esperança...
Ah, meu filho, se tu imaginasses o que é estar vivo sem viver, não terias voado, menino, nas asas do sem volta...
(Ao meu filho Andrei)
Lizete Abrahão

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