Xavier Zarco
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Estou aqui e escrevo um poema
estou aqui e escrevo um poema
para o outono
mas sem folhas caindo caiando
o chão de vento de cores mas sem branco
.
escrevo com a morte ao meu colo
como um gato que me atura
e me acompanha
sem nada em troca pedir
talvez como o alves barbosa
que forte pedala
mas sem força
mas com a força
que há quando a meta urge rente à alma
.
ou talvez como o belarmino
com todos os tapetes reclamando
o seu corpo
chamando o seu nome
e no entanto
.
ficando para o aplauso da vitória
.
estou aqui
e escrevo o meu outono
porque a morte de um poeta
é o início
somente o início o estado puro
o palimpsesto do poema
.
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