Geraldes de Carvalho
***
Ó Tejo-Mar...
Ó Tejo meu
nas tuas águas
se afunda
o pensamento
que sou eu.
*
E ali
invento
o navegar
que nos levou tão longe
que não soubemos já
ficar.
*
E é ficar que devemos
que os outros povos têm
também
os sonhos que são seus
de mais ninguém.
*
Às vezes
Tejo meu
me apetece
em ti morrer.
Sei que me levarias para longe
lá onde mora-habita
o meu sonhar.
Longe que não existe,
que seja meu
eu sei,
porque todos os longes
de além
já são de alguém.
*
E assim,
ó Tejo meu,
se eu quero ir longe
não será navegando,
só pode ser voando
além do Tejo
além do mar
além do além .
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