I Ciranda CantOrfeu
(Setembro de 2010)
Jorge Vicente
Uma ausência sem poder
mas que destrói o corpo
e o corrói numa cauda
cintilante de cobra
baloiçando no que nasce
e no que reluz
uma ausência que não quero
porque o amor é feito
de presença,
de pão amado e partilhado
entre os homens.
Uma ausência...
Uma ausência sem poder
mas que destrói o corpo
e o corrói numa cauda
cintilante de cobra
uma ausência que teme
o amor - a presença farta
dos frutos alimentando
o humano
uma ausência que ferve
e não é em mim,
mas pode ser em ti,
ave do céu sem poiso
uma ausência sem humanos,
sem cantos vivos, sem loboso amor - a presença farta
dos frutos alimentando
o humano
uma ausência que ferve
e não é em mim,
mas pode ser em ti,
ave do céu sem poiso
uma ausência sem humanos,
baloiçando no que nasce
e no que reluz
uma ausência que não quero
porque o amor é feito
de presença,
de pão amado e partilhado
entre os homens.