É quando a noite cai, doendo, nos meus braços,
e tremem, no silêncio, os medos ancestrais,
que irrompe a escuridão e, aquém dos meus umbrais,
me envolve, em seu torpor, em lânguidos abraços.
Se tardo adormecer, segredos me suspira,
segredos que eu esqueço ao despertar-me a aurora.
Mas não desiste nunca e torna, sem demora...
Rendido acontecer e ser de quem delira.
E a minha insónia teima em conceder-lhe espaço.
Meu corpo exausto e lasso entrega-se, rendido.
E a noite, sem pudor, despindo o seu vestido
de angústia e escuridão, reclama o meu abraço.
Abraço que não dou, mas sempre lho consinto
assim como se fosse um cálice de absinto...
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 10 de Abril de 2013.
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