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terça-feira, 18 de agosto de 2015

02.13 - POETAS - José-Augusto de Carvalho * Escuridão





É quando a noite cai, doendo, nos meus braços,


e tremem, no silêncio, os medos ancestrais,


que irrompe a escuridão e, aquém dos meus umbrais,


me envolve, em seu torpor, em lânguidos abraços.





Se tardo adormecer, segredos me suspira,


segredos que eu esqueço ao despertar-me a aurora.


Mas não desiste nunca e torna, sem demora...


Rendido acontecer e ser de quem delira.





E a minha insónia teima em conceder-lhe espaço.


Meu corpo exausto e lasso entrega-se, rendido. 


E a noite, sem pudor, despindo o seu vestido


de angústia e escuridão, reclama o meu abraço.





Abraço que não dou, mas sempre lho consinto


assim como se fosse um cálice de absinto...








José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 10 de Abril de 2013.

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