José-Augusto de Carvalho
***
Neste chão
Óleo de Dórdio Gomes, pintor alentejano
Não canto porque não quero
nem filhos de algo nem clero.
Poeta, filho do vento,
invento os meus pergaminhos...
Que fiquem por testamento
ao pó de incertos caminhos!...
Poeta sou, panteísta!
Acima de mim permito
apenas quem, alquimista,
poemas faz de infinito...
Poeta sou, neste chão!
E canto como quem lavra
uma promessa de pão
suado em cada palavra...
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